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Três motivos para visitar Tiradentes

Descrição

Caminhar por entre o casario colonial desvendando os mistérios da Inconfidência, andar de Maria Fumaça e ouvir um concerto ao órgão numa das igrejas mais representativas do Barroco mineiro certamente são programas imperdíveis para aqueles que visitam Tiradentes, relíquia setecentista localizada na região centro-sul das Minas Gerais.
 
Da mesma forma, percorrer o comércio repleto de lojas charmosas com móveis de demolição e antigos, e objetos artesanais atrai e fascina a visão dos turistas, mas é preciso um olhar mais atento para descobrir os 3 motivos para visitar Tiradentes.  Afinal, apesar da caça ao ouro na região ter findado na segunda metade do século XIX, “garimpar ainda é preciso”. Assim como no passado, nem todas as relíquias de Tiradentes estão à mostra, é necessário perder-se entre os becos e ruelas para descobrir um dos atuais tesouros escondidos de Tiradentes: a infinidade de ateliers distribuídos pela cidade e abertos à visitação, porém com pouquíssima divulgação.
 
Eleita por diversos artistas plásticos como local de moradia, a cidadela conta com mais de vinte ateliers onde é possível não apenas adquirir objetos de arte, mas conversar com os artistas em seus ambientes de criação, acompanhando inclusive o processo de produção. Nicia Braga, Valéria Lima e Luiz Cruz foram alguns dos que abriram seus “baús do tesouro” para esta reportagem.
 
Reconhecida ceramista de Belo Horizonte, Nicia Braga decidiu mudar para Tiradentes, após diversas visitas como turista em busca de um lugar para instalar seu estúdio de criação. Há três anos montou seu atelier na Santíssima Trindade e começou a ministrar aulas de cerâmica.
 
 
Nicia realiza pesquisas de materiais como argila e pedras de distintas cores e texturas e areia e o resultado desse trabalho são belíssimas esculturas, objetos decorativos e utilitários, além de uma linha exclusiva de jóias.
 
Atualmente, divide seu tempo entre a produção das obras e o término da construção de sua casa no bairro Parque das Abelhas. “A idéia é abrigar além da casa, o atelier, a loja e uma casa de hóspedes para possíveis interessados em realizar cursos de cerâmica”, conta.

Artista de várias facetas, Valéria Lima é psicóloga e professora de Educação Física, em sua formação original. Através da Arteterapia descobriu a possibilidade de se tornar uma artista e desde então e vem produzindo quadros, desenhos e esculturas.  “Comecei aplicando casacas de árvore sobre telas cobertas de terra. A partir daí passei a aplicar sementes e raízes sobre as telas. Só depois parti para a utilização de peças de ferro encontradas em ferros velhos ou descartadas por artesãos.”

Após a fase dos quadros, iniciou-se a produção de esculturas tendo como base a argila. “Minha primeira escultura foi feita em argila, tendo recebido uma aplicação de resina para obter uma coloração externa esverdeada que lembrasse o cobre até que finalmente descobrisse, através do uso do pó de cobre ou de ferro, a tonalidade que eu desejava.” 
 
Valéria defende a idéia “de que todos podem revelar o artista que possuem dentro de si” e sua casa/ateliê foi projetada para receber visitantes. Além do ambiente de produção e dos corredores e varandas repletos de sua obra, há um espaço de convivência, onde não raro é possível presenciar outra faceta de sua alma artista: a de cantora, percussionista e violonista.
Dentre os artistas entrevistados, Luiz Cruz é o único nascido em Tiradentes. Durante sua adolescência e juventude, a convivência com os artistas que moravam na cidade durante as décadas de 70 e 80 lhe aguçou a curiosidade pelas artes plásticas e literatura. Tendo estudado cinco anos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e concluído seu bacharelado em Letras na Universidade Federal de Lavras, Luiz regressou à cidade contribuindo de forma enriquecedora para a produção artística local.
                                                        
Sobre a produção artística local da atualidade, Luiz possui uma visão interessante relacionada à questão do artesanato versus artes plásticas. Segundo ele, apesar do artesanato exercer uma concorrência desleal em termos comerciais, já que é impossível cobrar o mesmo valor por uma obra que um artista levou meses preparando e outra cujo artesão produziu em horas valendo-se de uma técnica que permite a produção de forma mais otimizada, o mesmo artesanato tem demonstrado enorme sabedoria ao valer-se de uma peça-base e a partir daí criar novos designs e adaptar outros materiais, demonstrando criatividade e nem sempre repetição. “Acredito na convivência paralela do artesanato e das artes”, finaliza Luiz.

Texto de Flávia Frota
Publicado no Observatório da Cultura . 28 de junho de 2011
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