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Projeto Delícias de antigamente

Descrição

O Projeto Delícias de antigamente, começou com o "Programa de Arte e Cultura Local nas praças de São João del-Rei", que acontece desde o ano de 2000 na cidade de São João del-Rei, e faz parte dos projetos da Atitude Cultural Projetos e Responsabilidade Social. De 2000 a 2004, coordenado por Alzira Agostini Haddad, Suelly Campos Franco e Adenor Simões Coelho. A partir de 2005, passa a ser coordenado por Alzira Agostini Haddad.

Buscamos capacitar e envolver os cidadãos no desenvolvimento desta identidade cultural gastronômica, tornando-os protagonistas da história e da sustentabilidade sócio-cultural e econômica familiar e local, favorecendo a geração de trabalho e renda para as famílias.
Vc também pode integrar este projeto, nos envie dados e fotos de seu trabalho (alzirah@gmail.com) - mas precisa ser receita antiga, relacionada à nossa identidade cultural gastronômica.

Integram o Delícias de Antigamente:
Edna dos Santos . Pirulitos de Mel, cocada, pé de moleque, puxa-puxa, quebra-queixo . 032 988036020
Paulo César . Bombons e trufas . Tel: (32) 9939 3202
Jorge Luiz . Pipoca (salgada e doce) e milho verde. Tel: (32) 3372 1511
Geralda . Doce "Beijo Quente" . Tel: (32) 3372 1511
Oscar . Pipoca salgada e doce . Tel: (32) 3373 4712
Tunica das amêndoas/Antônia das Mercês Silva . Tel: 32 3372 5124
Doces Rancho Paraíso . Doces caseiros em compotas . Tel: (31) 9971-7273/ (31)99675995
Meg Zarur . Delícias árabes, doces, bolos e pão de mel . 032 9107 9677
Produtos Vovó Lalá . Doces, bolos e biscoitos . 035 99958 9888

Imagens de Delícias de antigamente
Veja AQUI outros projetos da Atitude Cultural

Mais informações

Doce lembrança de infância
Por Gazeta de São João del-Rei em 06/09/2013

A Região das Vertentes é conhecida pelas suas cidades com ruas históricas, igrejas centenárias e imponentes casarões com belas fachadas. Mas nem só de arquitetura vive o homem. Aqui em Minas também se dá grande valor às comidas e aos quitutes que podem ser saboreados em quaisquer esquinas ou ruelas das cidades. Não é possível pensar em Minas Gerais sem se imaginar tomando um cafezinho coado na hora ou comendo um belo pão de queijo.

As delícias de antigamente podem ser apreciadas pelas doceiras que vendem seus quitutes nas ruas de São João del-Rei - Foto: Internet / www.saojoaodelreitransparente.com
As delícias de antigamente podem ser apreciadas pelas doceiras que vendem seus quitutes nas ruas de São João del-Rei - Foto: Internet / www.saojoaodelreitransparente.com

A nossa rica cultura não se restringe a monumentos e marcos históricos. Vai muito além. Aqui, no Campo das Vertentes, vários são os municípios conhecidos por suas delícias culinárias. São grandes exemplos São Tiago, aclamada como “a terra do café com biscoito”; e Lagoa Dourada, a cidade do legítimo rocambole. Temos também o distrito de São Sebastião da Vitória, conhecido pela tradição do pão de queijo.
São João del-Rei poderia se destacar pela sua grande produção de variados tipos de queijos ou pela fabricação de picolés caseiros, mas são os doces, feitos por uma mestre na arte de cozinhar, os personagens dessa matéria. Edna dos Santos Marcolino trabalha com a produção dessas guloseimas há 29 anos e já foi reconhecida em várias oportunidades por suas habilidades. “O meu interesse em fazer doces surgiu quando eu tinha uns 10 anos, enquanto eu ajudava o meu pai na cozinha. Mas foi aos 20 que eu comecei a vender os meus próprios doces”, relembrou Edna.
Tradição passada de pai para filha, Edna contou que seu pai fazia doces para vender em campos de futebol, praças e clubes e assim sustentava a família, da mesma forma que ela faz hoje. “Eu sempre gostei de cozinhar, principalmente, fazer doces. Mas quando eu comecei a trabalhar com comida era só durante fins de semana e feriados. Durante a semana eu trabalhava como empregada doméstica, pois tinha medo de não conseguir me sustentar somente com os doces”, explicou a doceira.

Edna contou que muitas pessoas também fazem deliciosos doces no município, mas que poucos conseguem ser reconhecidos. A chancela cozinheira de mão cheia surgiu com o projeto Delícias de Antigamente, que resgata a arte de fazer e comercializar guloseimas caseiras nas ruas, visando favorecer a geração de trabalho, renda e produtos turísticos. “Esse projeto fez com que eu me sobressaísse. Ganhamos apoio de diversas formas. Por exemplo, nos dão uniformes e tabuleiros; nos ensinam a fazer os doces e oferecem cursos profissionalizantes”, disse. Além disso, ela já foi destaque em vários meios de comunicação, como jornais e TVs – inclusive em programas internacionais.
Além dos doces finos como olho-de-sogra, que não são carregados nos tabuleiros pelas ruas da cidade, ela faz e vende pé-de-moleque, cocada, paçoca, puxa-puxa e tem como o seu carro chefe a produção dos famosos pirulitos de mel e do quebra-queixo. “Não trabalho todos os dias porque o tabuleiro, em que eu carrego os doces, força muito a minha coluna. Geralmente é a partir de quinta e durante o fim de semana que eu atuo. Por dia vendo aproximadamente cem doces para são-joanenses e turistas”, ressaltou.
Os doces e quitutes de Edna são capazes de levar aqueles que os comem a uma viagem no tempo, voltando à infância e, assim, relembrar bons momentos.
O segredo? Segundo a doceira são o carinho e a dedicação na hora de por a mão na massa. “Para que o alimento fique gostoso tem que ser feito com gosto e carinho. Antes de fazer meus doces eu costumo orar pedindo a Deus que abençoe cada ingrediente, para que a comida fique mais gostosa”, contou. E completou: “Os doces são tudo pra mim. Estão logo abaixo do Senhor Jesus Cristo. Eu gosto de fazê-los e vendê-los. Eles são a minha vida”.
Se a tradição de se comercializar doces passou de pai para filha, hoje, os moradores de São João e turistas não precisam ter medo de perder esses deliciosos quitutes da cidade. Edna é mãe de três meninas: Cláudia, 26; Gabriela, 13; e Almaluza Júlia, 4. A mãe conta que as duas filhas mais velhas já se interessam pela arte de produzir delícias. “Elas já me ajudam na cozinha e combinam entre si que a Cláudia irá fazer os doces e a Gabriela irá vender”, finalizou orgulhosa das herdeiras que, assim como ela, manterão viva a tradição de fazer e vender maravilhas caseiras em São João.

A receita
Edna contou que algumas receitas de seus doces foram ensinadas pelo seu pai, José Maria dos Santos, mais conhecido como Zé Ferro-Velho, e que a receita do tão delicioso e tradicional quebra-queixo foi comprada por ele, quando ainda era moço, no Rio de Janeiro. O preço do doce, aliás, foi bem salgado. “Ele sempre falava para não passarmos essa receita pra ninguém”, contou. Mas ela não viu problemas em nos revelar a iguaria:

Ingredientes:
- 1 quilo de coco ralado
- 1 quilo de açúcar (cristal ou refinado)
- ½ quilo de mel
- ½ litro de água

Modo de preparar:
Misture todos os ingredientes em uma panela e os deixe cozinhar em fogo baixo por três horas ou mais. Depois disso, coloque-os em um recipiente, espere esfriar e ele já está pronto para o consumo. A receita é bem simples, barata e irá fazer todos que a degustarem muito felizes.

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As receitas tradicionais de São João Del-Rei estão sendo resgatadas há dez anos com o projeto Delícias de Antigamente. Doce de leite na palha, pirulito de mel em cone, quebra-queixo, puxa-puxa, beijo quente, broinhas de fubá da roça, pé-de-moleque, cocada, fatias de amendoim, amor em pedaços, as famosas amêndoas são alguns exemplos das guloseimas caseiras que um grupo de pessoas recria a cada dia para que as pessoas possam apreciar.

Apesar de existir a uma década, o projeto vem passando por dificuldades já que não possui nenhum patrocinador e tem sobrevivido da vontade de seus integrantes em apresentar um produto de qualidade para os visitantes e são-joanenses.
O projeto foi criado em 2000, pelo Núcleo de Assessoria Cultural (NAC), mesmo ano da 1ª iluminação natalina do Largo São Francisco, e, desde 2005, é desenvolvido pela Atitude Cultural. “Abordamos questões como higiene e embalagem. Além disso, também demos uniformes para as pessoas que trabalham no projeto”, explicou a coordenadora da Atitude Cultural, Alzira Haddad.
Ainda conforme a coordenadora, essas tradicionais receitas é um produto cultural com um retorno muito interessante. “Mostrar para esses empreendedores a importância e como essas iniciativas são mais uma forma de atrair turistas para a cidade é recompensador. Em dez anos de projeto já tivemos retornos muito positivos e uma aceitação bacana das pessoas”, afirmou.
A doceira Edna Santos Marcolina é uma das pessoas que integram o projeto e já colhe o fruto desse trabalho. “Fui a primeira a me matricular no Delícias de Antigamente e há cinco anos sobrevivo somente da venda dos doces que fabrico. Antes era diarista e fazia doces por hobby”, disse Edna.
Ela lembrou também que desde que passou a integrar o projeto modificou bastante o seu trabalho no segmento. “Fiquei mais conhecida e minhas vendas aumentaram muito. Tanto que hoje tenho possibilidade de sobreviver da venda dos doces”.
Alzira Haddad afirmou que o intuito é conseguir patrocínios para que o projeto possa crescer ainda mais. “Tudo que não tem recursos é mais difícil. Delícias de Antigamente já gerou muitas sementes, mas podemos crescer mais com outras empresas integradas”, finalizou.

Fonte: Gazeta de São João Del-Rei . 30 de outubro de 2010

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Em São João del-Rei, doces fazem a história
Ingrid Andrade e Natália Silva

Resgatar a história e a memória da cidade a partir da gastronomia. Esse é o trabalho realizado pelo projeto “Delícias de Antigamente”, que preserva a cultura local com a produção de guloseimas caseiras: doce de leite na palha, pirulito de mel, quebra-queixo, puxa-puxa, beijo quente, pé-de-moleque, amendoim, amêndoas, entre outras, além de contribuir com a profissionalização coletiva, criação de trabalho e renda, valorizando a identidade de São João del-Rei.
O projeto foi criado em 2000, pelo Núcleo de Assessoria Cultural (NAC), após a restauração do largo do São Francisco e, desde 2005, é desenvolvido pela Atitude Cultural sob coordenação de Alzira Haddad. O “Delícias de Antigamente” é um produto turístico da cidade, uma vez que está presente em festas tradicionais como, o fim de ano e férias cultural, semana santa cultural e carnaval de antigamente, explica a coordenadora. Apesar de cadastrados no projeto, os doceiros são incentivados a trabalhar independentemente dos eventos da cidade.Os integrantes do projeto recebem orientações sobre como tratar os clientes, questões de higiene e embalagens e as maneiras de apresentar a cidade aos turistas. De acordo com a coordenadora a iniciativa é importante porque, na maioria dos casos, o ofício sustenta a família, e, portanto, é válido saber lidar com o público. Além disso, a inclusão no projeto proporciona aos participantes a regulamentação da atividade e uniformização, o que dá maior credibilidade.
Alzira Haddad afirma que o envolvimento com a culinária tradicional faz confundir história e memória. Segundo ela, a gastronomia está intimamente relacionada com o passado e presente da cidade. “As pessoas que trabalham no projeto, já tinham a produção de guloseimas presente na história de família, já haviam sido instruídos por seus pais, tios e avós”, afirma.


Mestre Edna
Edna dos Santos foi a primeira inscrita no projeto “Delícias e Antigamente”. Antes de se cadastrar no projeto, Edna já trabalhava com guloseimas. Experiente, desde os dez anos se vê às voltas com muitas receitas. Seu pai, descendente de escravos, para sustentar os 17 filhos, fazia doces com a ajuda de toda família, vendendo-os em campos de futebol, festas, praças e esquinas.
Edna delicia turistas e moradores pelas ruas da histórica cidade de São João del-Rei, no espaço da Estação Ferroviária da Maria Fumaça, nos eventos da Atitude Cultural e outros tantos. É reconhecida como representante do patrimônio da cidade, com um vasto currículo e matérias de jornais, agendas, revistas e TVs, inclusive internacionais. Em 2009, Edna recebeu um prêmio e o diploma de mestre pelo Ministério da Cultura, em observância à Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais.


Fonte: Jornalismo On Line UFSJ - Blog da Disciplina de Jornalismo On Line do Curso de Comunicação Social . 8 de Abril de 2011

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Gastronomia também é patrimônio São-joanense
Por Thayná Faria e Rômer Castanheira

A receita do sucesso gastronômico de São João Del-Rei não é nenhum segredo de gourmet. O ingrediente principal são os simpáticos personagens que tem o dom de encantar, e claro, dominam a arte da culinária mineira, desde os pratos principais às sobremesas.


Beijo Quente de Dona Geralda

Dona Geralda de Azevedo trabalha na porta do Cine Glória há 25 de seus 56 anos. Ela vende “Beijo quente”, doce que aprendeu a fazer com os sogros. Na verdade foi desafiada a aprender a receita e sair à rua para vender: “Era uma família de ambulantes aquela, e eles não achavam que eu teria coragem de ir pra rua vender doce, mas eu fui”, conta. E esse é até hoje seu trabalho.
No início a receita não dava certo, o doce às vezes passava do ponto ou até queimava. Foi difícil chegar ao padrão de qualidade pelo qual é reconhecido hoje. Dona Geralda, com o tempo, foi acrescentando seu toque à receita dos sogros. Canela é um dos ingredientes incorporado com sucesso e, de vez em quando, ela substitui amendoim por côco. A doceira sabe fazer o Beijo Quente de várias formas, uma bem diferente da outra “até com chocolate dá pra fazer, mas não uso porque algumas pessoas têm alergia, sabe?”, diz.Quase toda família da doceira trabalha nessa área: o marido Jorge vende milho cozido na Avenida Presidente Tancredo Neves há mais ou menos 25 anos. As filhas Elza e Josimara também vendem doce na mesma região. Dona Geralda conta que começou em eventos na porta do Minas, estádio de futebol local. Logo a concorrência aumentou e ela percebeu o grande movimento no cinema, até então o único da cidade, e decidiu fixar-se ali.

Mãe de cinco filhos, ela diz que o doce é sua única fonte renda. Em dias de muito movimento chega a vender 100 saquinhos de Beijo Quente. Dona Geralda trabalha de segunda a segunda, seis horas por dia, em pé. E isso não cansa? Sorrindo, ela diz que sentiria falta de trabalhar se tivesse que ficar em casa. Já se acostumou com a rotina que lhe permite conhecer pessoas e até fazer alguns amigos. “Tem gente que pára, compra um doce e fica conversando. Até aproveita pra pedir conselho sobre vida conjugal, essas coisas, vê só”, relata sorrindo.

Pastéis de Seu Pedro
De carne ou queijo, e no período de semana santa, de bacalhau. O pastel mais antigo de São João del-Rei já é patrimônio cultural da cidade. Produzido há 48 anos por Pedro Eduardo Assunção, 73, o Seu Pedro, tem na qualidade e no carinho o segredo do sucesso. A carne do recheio, por exemplo, é moída pelo próprio pasteleiro, que confessa que o ofício se tornou uma paixão: ”só vou deixar de fazer pastéis quando morrer”.
Seu Pedro diz que fazer parte da história de São João Del-Rei como um patrimônio vivo da cidade é trabalhar sempre com vontade e persistência. “No inicio do meu trabalho, os pastéis eram feitos manualmente em todas as etapas. Rodava o cilindro no braço e a amassadeira era com rolo, hoje ambos são elétricos, o que facilita muito”, explica.
Ele conta que a única coisa que conseguiu fazer na vida foi pastel e que desde os cinco anos saía com seu pai pelas ruas de Dores de Campos vendendo o salgado em estabelecimentos e casas. O pai é uma lembrança muito forte, foi quem o incentivou a investir na fabricação dos pastéis e ensinou o valor do trabalho.
Pedro faz a massa várias vezes por dia
, de acordo com o movimento. Ele conta que a venda do salgado já foi maior. Lembra que, há alguns anos, a cidade só tinha duas pastelarias, “uma delas era a minha”, mas hoje a concorrência aumentou, são mais de dez. Mesmo assim, o pasteleiro conta que muita gente vem de bairros distantes para comer o salgado. “Sinto que o movimento é 20% menor do que era nos anos 60 e 70”, avalia.

Churros, pipoca e sorvete na Avenida

Rinaldo Fernandes trabalha vendendo guloseimas na Avenida Presidente Tancredo Neves, no centro da cidade, há 30 anos. O negócio começou com o pai, Alain José Fernandes, que veio de São Tiago especialmente para assumir a barraquinha que até então estava alugada para outra pessoa. Vendia apenas pipoca, mas, com o tempo ampliou os negócios, com uma máquina de churros e outra de sorvete.
Quem ensinou Rinaldo a fazer churros foi o antigo responsável pela máquina, para quem o pai a havia emprestado. A produção varia de acordo com a época do ano: “No verão vendemos mais sorvete; o churros, com doce leite, sabor tradicional, é mais popular no inverno e a pipoca a todo tempo”, diz.
Para completar a renda, Rinaldo ainda trabalha com a reforma de pisos, mas explica que nem sempre tem serviço, o que não acontece com as vendas. O sucesso, garante, vem da persistência e do gosto pelo que faz, “faça chuva, faça sol, estou aqui” comenta o vendedor que trabalha, diariamente, das 8 às 22 horas. “Sai de São Tiago e vim para São João Del-Rei e desde então não saio daqui. Gosto muito da cidade, gosto do povo sanjoanense”, finaliza.

Fonte: Jornalismo On Line UFSJ - Blog da Disciplina de Jornalismo On Line do Curso de Comunicação Social . 6 de Maio de 2011

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Veja mais:
Os doces de Tiradentes . Walquíria Domingues

As boas coisas de São João del-Rei - êh, oin, bolinho de feijão... . Antônio Emílio da Costa

RECEITAS ANTIGAS

Broa de milho verde da Célia Vitral

1 lata de milho verde com a água
1 lata de leite condensado
1 vidro pequeno de leite de coco
4 ovos
3 colheres de queijo ralado
9 colheres de milharina
2 colheres de pó royal

Bater tudo no liquidificador, colocar em forma untada e assar em forno médio.

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De Lá: a tese de mestrado que virou um negócio que vende delícias mineiras a preço justo

Rafael Tonon - 27 de novembro de 2014

Laura e Paulo, um dos produtores que conheceu no mestrado e se tornaram seus fornecedores: preço justo, histórias valorizadas, riqueza compartilhada.

A cliente entra, dá uma olhada rápida pelas prateleiras e vai logo perguntando pelas balas de coco do seu Xurú. Seu Xurú é doceiro e faz balas artesanalmente no município de Macacos, cidade a 27 km de Belo Horizonte. Ele ganhou uma legião de fãs na capital mineira desde que a designer mineira Laura Cota abriu a De Lá.

Laura cuida pessoalmente do negócio – uma espécie de empório para comercializar queijos, doces, compotas, cachaças e outros ingredientes de pequenos produtores – que se diferencia por ter como propósito remunerar de maneira justa o produtor e valorizar suas histórias e produtos. Como as balas e o Seu Xurú. “Se a dor no braço dele melhorar, ele prometeu que manda na semana que vem”, responde Laura à cliente.

“Quando ele tem dor, não tem bala”, conta Laura. Seu Xurú se recusa a usar o leite de coco industrial, então tem de fazer a extração manualmente. É parte da rotina de Laura lembrar as pessoas de que produtos artesanais, feitos de fato à mão, dependem de pessoas, e não de máquinas.

“Nossos parceiros não conseguem produzir em escala industrial, e a gente acaba tendo que explicar isso aos clientes. Nem sempre tem todos os produtos”, diz ela. Mas mesmo quando não tem balas na prateleira, ao contar sobre a dor do seu Xurú Laura ajuda na compreensão dos clientes e entrega valor: “Aqui, a gente vende mais histórias do que produtos em si”.

Na De Lá os produtos têm procedência, história e preço justo.

Na De Lá os produtos têm procedência, história e preço justo.

Estar próxima dos produtores sempre foi a vontade dela Laura. Formada em Design, depois de passar um tempo desenvolvendo um trabalho com mulheres de pescadores do Rio São Francisco, ela fez mestrado em Inovação Social na área de Gestão e Inovação da faculdade de Engenharia de Produção na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ingressou em 2012 para pesquisar a cadeia de fornecimento de agricultores familiares.

“Queria entender como é que o design poderia contribuir para esses pequenos grupos de produtores artesanais de culinária”, conta. Passou a mapear todo o caminho que a comida levava da lavoura ao consumidor final, desde o fornecimento para os Centros de Abastecimento até os modelos de compra coletiva, por exemplo.

“Eu tinha clara a ideia de criar um negócio que pudesse trabalhar com os produtores de forma justa, mais próxima, sem a exploração que infelizmente é a tônica vigente nesse tipo de mercado”

Quando começou a pesquisar sua tese, ela acreditava que somente a venda direta por parte dos agricultores, como a que se dá nas feiras, poderia mudar a lógica exploratória do atravessador. “No final da minha pesquisa, comprovei que o modelo, por si só, não é ruim. As relações pessoais que se estabelecem com os produtores é que podem ser boas ou ruins”, diz ela.

Laura acabou percebendo isso também de forma prática: para ajudar a sustentar a vida no Rio, já que contava apenas com a bolsa de estudos, ela própria resolveu vender alguns dos produtos de Minas, encomendados por colegas a cada vez que ia para a casa, em Belo Horizonte. “Virei uma espécie de muambeira gourmet”, brinca. “Foi aí que começou a minha relação com os produtores de queijos, compotas e outros produtos.”

A TESE DE MESTRADO QUE VIROU LOJA

Com a semente já plantada, Laura voltou para a capital mineira e resolveu transformar o que tinha pesquisado, e vivido, em negócio. “Eu e meu marido (Marcelo Pinto) quebramos o porquinho e reunimos a grana inicial para dar pernas à De Lá”, diz, sobre os 5 mil reais de investimento inicial. A ideia inicial era ser um site para vender os produtos, mas as pessoas pediram um lugar físico.

Quando perceberam teriam de ter uma loja, usaram o dinheiro para alugar um imóvel, fizeram eles mesmos a pintura e compraram as caixas de feira para fazer as prateleiras. Custo zero. Nesta primeira casinha, expunham os 15 produtos dos quatro produtores com quem iniciaram o trabalho.“Em Belo Horizonte, as pessoas gostam de passar, conversar. Por isso, pensamos em um ponto de encontro, onde pudéssemos ter os produtos para degustação, o que foi bem acertado. Em Minas, todo mundo tem um parente que faz queijo, doce. Você só vai comprar a geleia do produtor que nunca ouviu falar se souber que é boa mesmo. Mineiro já nasce com o paladar apurado, sabe?”

Laura improvisou as estantes e pintou as paredes junto com o marido, Marcelo. A lojinha é simples, aconchegante e tentadora: queijos, compotas, geleias, doces…

No começo do ano, Laura mudou a De Lá para o bairro da Savassi, em um ponto maior e mais movimentado, o que ajudou a aumentar os ganhos. “Hoje estamos trabalhando com 130 produtos de 70 produtores”, afirma Laura. Em outubro, a De Lá inaugurou uma pequena filial na Fundação Dom Cabral, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. A loja da Savassi consumiu 15 mil reais para a estrutura. A filial de Nova Lima, por sua vez, exigiu um investimento de 25 mil reais.

“Ali, é mais uma loja de presentes. Como passam pela Fundação executivos do país inteiro que não têm tempo de ir aos mercados da cidade, a loja ajuda nas lembranças e sabores de Minas”, conta. Além dos queijos da Serra do Salitre, da pasta de berinjela de São Gonçalo do Rio Baixo e da rapadura batida da Serra do Cipó, a loja também trabalha com produtos de outros estados, como o bolo de rolo do Pernambuco, salame do Rio Grande do Norte.

UMA POLÍTICA DE PREÇOS JUSTA

A Laura diz pagar cerca de 30% a mais para o produtor, comparando ao que um supermercado pagaria. O índice é uma estimativa, porque muitos produtores de quem ela compra não vendem para supermercados.

Mas, no caso dos queijos, a comparação é mais fácil, já que muitos produtores vendem também para outros empórios. No queijo fresco, que é o mais fácil de ser comercializado, um atravessador paga cerca de 7 ou 8 reais ao produtor. A Laura compra por 15 reais (caso do Seu João, que faz o queijo Imperial da Serra do Salitre), e vende por 25 reais.

Paulo e Seu João, produtores do queijo Imperial Serra do Salitre, em uma visita à loja em Belo Horizonte.

Paulo e Seu João, produtores do queijo Imperial Serra do Salitre, em uma visita à loja em Belo Horizonte.

Ela diz que o grande orgulho de ver a De Lá prosperar é poder levar todo mundo junto. “A De Lá surgiu de uma angústia de ver um monte de gente produzindo coisa boa sem conseguir viver bem de seus produtos”, afirma. Com o trabalho de comercialização e divulgação que sua loja faz, muitos dos produtores com parceiros conseguiram prosperar economicamente.

“A empresa tem um objetivo muito claro de poder contribuir com a situação dos produtores. É a nossa missão. Claro que visamos o lucro, ganhar dinheiro, mas o objetivo da De Lá existir é social”

Laura usa como exemplo, mais uma vez, histórias. Como a do filho de 18 anos do seu José Melo, produtor de queijo na Serra do Salitre, que segundo ela tem percebido que não precisa sair da roça para ter o que deseja. “Ele vê o crescimento do pai e entende que pode ficar ali. É uma mudança social também”, conta ela. “Nós não inventamos a roda. Há pessoas fazendo o que fazemos com a De Lá há anos nos Estados Unidos e na Europa. Mas é bom ver mais gente adotando esses modelos de negócios sociais por aqui também”, diz.

As pessoas querem mais significado, seja na hora de comprar, seja na hora de vender.

“O nosso significado ainda são as relações humanas. As cadeias são geridas por pessoas. E as relações que se mantêm nelas é que determinam se o modelo é bom ou não, se é justo, se pode transformar”

De sua parte, Laura tem buscado boas relações para vender bons produtos. De lá de Minas — ou de onde forem.

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Coordenação
Até 2005: Nac - Núcleo de Assessoria Cultural . coordenação: Alzira Agostini Haddad, Adenor Simões, Suely Franco
A partir de 2005: Atitude Cultural
. Coordenação: Alzira Agostini Haddad

Programa Terra de Minas sobre "Delícias de antigamente" em São João del-Rei 14/08/2011

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