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Educação como solução e via de desenvolvimento . Prof. Dr. Valmor Bolan

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Se educação é solução para todos os problemas, que todo político em época de eleições gosta de mencionar como principal bandeira, por que avançamos tão pouco e custa alcançarmos as melhorias nos níveis de ensino, em nosso país? Todo mundo sabe o que é preciso fazer, mas quem é que põe a mão no arado e faz a tarefa de casa corretamente? Aí está o grande desafio. A educação precisa deixar de ser apenas retórica, palavreado bonito em palanque eleitoral, mas urge que tenhamos medidas eficazes com o compromisso de toda a sociedade para que possamos solucionar o problema da educação, para que ela seja mesmo solução.

Moisés Naim, no artigo A Panacéia, publicado na Folha de São Paulo (01.06.2012), destaca que “o desempenho em matemática caiu na França, no Japão, na Bélgica e em outros países desenvolvidos. Os que se saíram melhor nessas provas foram Finlândia e Coreia do Sul. E agora a austeridade fiscal na Europa terá efeitos devastadores sobre a educação.” E acrescenta: “Além disso, e em contraste com os Estados Unidos, onde o ensino superior de excelência continua a ser forte, na Europa apenas algumas poucas universidades estão entre as cem melhores do mundo. Nenhuma universidade espanhola ou italiana entrou para essa lista”. Naim ainda lembra que “quando se trata da América Latina, é melhor nem falar”.

A educação superior consome orçamentos enormes e seus resultados, comparados com os de outras regiões, são lamentáveis”. E completa: “Se a educação está em crise nos países ricos, nos menos desenvolvidos é um desastre. Ela consome uma fatia enorme dos orçamentos nacionais, sem ter muito o que mostrar em matéria de qualidade. Mesmo os países que vêm tendo grandes sucessos em outras áreas fracassam no campo educativo”. Lembra também o Chile, que é “um dos países em desenvolvimento mais bem-sucedidos do mundo e tem lacunas importantes na educação, tanto assim que os protestos estudantis se tornaram um problema político já crônico”.

E então, o que fazer diante dessa realidade?

Queremos salientar, primeiramente, que a cultura de Cingapura e da China favorece a qualidade da educação formal, pois os pais estão convencidos – e fazem acontecer – de que os filhos tem que dar duro no estudo, desde a tenra idade. Aqui no Brasil, os pais em sua maioria mandam os filhos jogar bola, se divertirem, e não estão nem aí com a escola. Lá a coisa é séria, e os alunos sabem disso. Não existe a lógica do professor que finge que ensina, e o aluno que finge aprender. As pessoas se dedicam, estudam a fundo, e se tornam profissionais com credibilidade. Naqueles países a sociedade não tolera professores despreparados e vagabundos, que acham que aula é show de auditório e que podem justificar seus salários apenas contando piadas e causos. Lá, sala de aula não é entretenimento. Esta visão faz uma diferença e tanto, com resultados sociais bem melhores.

Outro aspecto a considerar é que nos países onde a educação é levada a sério, o problema é da sociedade e não do governo. Não há portanto paternalismo e assistencialismo. O negócio é estudar mesmo para ser bem sucedido em sua área profissional. Quando isso for realidade em nosso país, educação deixará de ser uma panacéia, para se tornar a via certa do desenvolvimento.

*Doutor em Sociologia

Fonte: Gazeta de São João del-Rei . 16/06/2012

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