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A organização do Centro Histórico de nossa terra . José Mauricio de Carvalho

Descrição

Desde sua criação em 16 de julho de 1998, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural tem se encarregado de assessorar o Poder Público Municipal na proteção, preservação e defesa do patrimônio cultural do Município. Muita coisa tem sido feita: estudos que viabilizam o tombamento de imóveis, registro de manifestações culturais diversas, incluindo-se os chamados bens de natureza não material como o toque dos sinos e as manifestações folclóricas.
O trabalho do Conselho, ainda no seu início, já tem apresentado frutos significativos que permitem um melhor tratamento das edificações no centro histórico em benefício do turismo e o aumento do ICMS cultural repassado ao Município. No entanto, a ação do Conselho poderá ser maximizada se puder contar com o apóio e a compreensão da população são-joanense. Ao buscar orientação de profissionais especializados e do Escritório técnico do IPHAN para assessorar reformas de antigas e projetos de novas edificações, as pessoas facilitarão o trabalho do Conselho.
Exemplo de restauração recentemente levada a termo foi a recuperação do prédio em frente à Matriz de Nossa Senhora do Pilar para a instalação do Memorial dedicado a Dom Lucas Moreira Neves. O trabalho de recuperação do prédio e o destino que lhe foi dado oferece à população da cidade e visitantes um novo espaço de cultura e lazer. Esse memorial é um projeto que deve ser conhecido por todos os são-joanenses e sua divulgação assumida como tarefa importante. Ao lado do Memorial Tancredo Neves essa é outra importante instituição de nossa cidade destinada à preservação da cultura.
A novidade de nosso tempo é que a defesa de bens culturais que exprimem os valores de uma nação também estão se tomando bens econômicos preciosos, pois são a matéria prima de um turismo cultural cada vez mais seletivo e exigente. Nossa cidade pode ganhar muito com este movimento, mas precisamos multiplicar iniciativas semelhantes.
Como política específica para as novas edificações precisamos seguir princípios que orientem nossa atuação. Não há como deixar de considerar uma aproximação entre o ato que incide sobre o conjunto arquitetônico e algumas referências à noção de beleza e harmonia formuladas na base de nossa tradição cultural. Se desejamos fazer de nossa terra um lugar diferente, capaz de atrair turistas e se consistir em um local interessante para se morar não podemos nos furtar a estabelecer um certo equilíbrio entre o antigo e o novo no espírito das proporções justas a que se referia Aristóteles na sua caracterização do belo. Aliás, o homem grego tinha essa compreensão do fazer humano que também aparece no diálogo Gorgias de Platão, onde a ordem e a harmonia são postas como fundamentos da atuação de arquitetos e artistas na base de conceitos como conexão, articulação e encaixe.
Esses princípios formam a base para uma política de autorização de novas edificações. Precisamos estar atentos para que nem a volumetria, nem as características dos novos imóveis agridam o conjunto barroco e o eclético já constituído. Ainda que sem fazer cópia das antigas construções, nós podemos criar boas coisas, respeitando os tamanhos dos prédios nas diversas áreas do Centro Histórico, cuidando 'para que as novas edificações tenham telhado de barro, janelas em madeira e uma concepção geral que não fuja dos aspectos típicos de uma arquitetura tradicional.
Esses princípios não impedem o desenvolvimento da cidade, apenas orientam que tipo de cidade estamos construindo. E ela pode ser bem melhor do que fizemos num passado recente, quando as intervenções e destruição não se guiavam por nenhum critério de beleza e harmonia e terminaram nos caixotes de concreto. 

*Vice-presidente do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural.
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