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Tipo: Artigos | Cartilhas | Livros | Teses e Monografias | Pesquisas | Lideranças e Mecenas | Diversos

Escopo: Local | Global

 

Gazeta de São João del-Rei . Número 1 . 18/07/1998

Descrição

Gazeta, 14 anos: a jovem velha são-joanense
Há 14 anos, desde 1827 . Alzira Agostini Haddad

Com paixão . Jota Dangelo



Editoria Cidades . Página 2:




Página 3:



Crise é a oportunidade para a retomada do desenvolvimento

A crise econômica que agravou os problemas sociais, principalmente os relativos às áreas de saúde, educação e emprego, não poupou São João del-Rei e as demais cidades do Campo das Vertentes. Os indicadores econômicos apurados pela Funrei demonstram claramente um quadro recessivo na região, semelhante ao que ocorre em todo o Brasil e na grande maioria de todos os outros países, com exceção de alguns poucos, entre eles os Estados Unidos. 
Há mais de 50 anos, o prêmio Nobel de Economia, Milto Friedman, resumia em uma frase isenta dos cacoetes do economês, um dos principais da moderna economia: "não existe almoço grátis", ou seja, alguém sempre estará pagando pelo almoço, seja o Estado, seja o cidadão.
Como é impossível hoje, aos Estados, continuarem a pagar por tudo, e ainda investirem em tudo, desde telecomunicações, até em transporte fluvial, tornou-se inadiável reformar o Estado para que ele possa de fato investir naquilo que é a sua obrigação: saúde, educação, saneamento, etc.
É oq ue vêm fazendo os governos federal e estaduais, com o programa de privatizações e as reformas da previência e outras. Mas, da mesma forma que não há almoço grátis, não há quem possa sobreviver sem almoçar. Ou seja, não é possível esperar, sem almoço, que o Estado seja reformado.
Então, o que fazer? Vale lembrar que muito antes de Friedman, ou de qualquer outro economista, na verdade há milênios, os chineses já utilizavam o mesmo ideograma para representar o significado de crise e oportunidade.
Para apontar as oportunidades que a crise atual pode propiciar, a Gazeta de São João del-Rei convidou um economista da Funrei, professor Aluízio Barros, um empresário, Rafael Agostini e um geólogo, Áttila Godoy a manifestarem as suas opiniões.



As saídas do sufoco
Aluízio Barros*

Os dados contidos na publicação da FUNREI – Indicadores Conjunturais de São João del-Rei – revelam um quadro econômico recessivo no município. Nos cinco primeiros meses do ano, registram-se quedas de 2,3% no número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e de 4,1% no consumo industrial de energia elétrica, em relação a igual período do ano anterior. A redução do número de consultas ao SPC indica uma retração nas vendas a prazo no comércio, e a diminuição do consumo de energia elétrica na indústria atesta um forte desaquecimento neste importante setor da atividade econômica do município.

É preocupante o reflexo deste quadro no crescimento de 9,4% dos requerimentos de seguro-desemprego, o que contribui para o aumento da inadimplência. Os registros de devedores em atraso no SPC saltaram de 2390 no período de janeiro a maio de 1997 para 3623 em igual período de 1998.- uma brutal expansão de 51,6%. Os títulos protestados em cartório chegaram a 1698 nos primeiros cinco meses do ano, apresentando um crescimento expressivo de 15% em relação ao ano passado.

A origem destas dificuldades encontra-se, basicamente, na política econômica do governo federal que, respondendo às turbulências nos mercados financeiros internacionais, fez subir as taxas de juros internas em outubro do ano passado, e promoveu aumento de impostos e cortes de despesas públicas.

Mas a boa notícia é que já se apresentam, a nível nacional, sinais a indicar uma reativação da economia o segundo semestre do ano, provocada por medidas expansivas da política do governo federal (queda dos juros e aumento de dispêndio) e pelos gastos de campanhas eleitorais. Esta melhora, no entanto, não será vigorosa, uma vez que a persistência de desequilíbrios macroeconômicos internos e externos do país, num contexto de instabilidades e incertezas na economia internacional, impõe limite à redução de taxa de juros. Em outras palavras, os juros estão caindo mas ainda permanecerão elevados, restringindo o ritmo da recuperação econômica.

Diante deste quadro, o que fazer para sairmos do sufoco? Os desempregados e os estudantes devem tirar proveito da oferta de cursos de qualificação profissional em São João del-Rei para adquirir novas habilidades demandadas no mercado de trabalho. Informações sobre a programação de cursos podem ser obtidas no SENAI, no SINE/SETAS e nas páginas deste jornal. Aos estudantes, é recomendável não descuidar de suas obrigações acadêmicas, pois, o grau de escolaridade e o seu desemprenho como aluno podem lhe garantir bons empregos.

Os comerciantes, e empresários em geral, buscam diversas saídas do sufoco, dependendo obviamente das condições de cada um. Para alguns, a crise é a oportunidade de mudar de ramo de negócio. Para outros, a dieta necessária é aquela de cortar custos, aperfeiçoar a qualidade do produto ou serviço, administrar bem os estoques e o crédito.

Do poder público municipal e de outras lideranças locais, espera-se um trabalho permanente visando melhorar as condições de vida na cidade e região. Melhor qualidade de vida é não apenas o objetivo maior da ação política, mas também um meio de atrair empreendimentos geradores de emprego e renda para a população.

*doutor em economia pela UFSJ e mestre pela Universidade de Manchester (Inglaterra), é professor da FUNREI.



Vicissitudes do Bem e do Mal
Áttila Godoy . Geólogo e diretor executivo da Fundação Octávio Neves

Prefaciando seu livro “Criando uma Nova Civilização” (editora Record), seus autores Alvin e Heidi Toffler (autores de “O Choque do Futuro” e “A Terceira onda”), iniciam dizendo o seguinte: - “A América defronta-se com uma convergência de crises sem paralelo desde os seus primórdios. O seu sistema familiar está em crise, da mesma forma que seu sistema de saúde, seus sistemas urbanos, seu sistema de valores e, acima de tudo, o seu sistema político, que para todos os efeitos perdeu a confiança do povo. Por que deveriam essas – e muitas outras crises – eclodirem aproximadamente ao mesmo tempo em nossa história? Serão provas de decadência terminal nas Américas? Estaremos no “fim da história”?”.

No entanto, os Tofflers acabaram concluindo que as crises hoje observadas são fruto não de fracassos, mas, sim de sucessos iniciais. Não vivemos o fim da história mas, sim, o fim da pré-história e o princípio de um novo mundo baseado em valores bem mais positivos.

É interessante notar que se fizermos uma retrospectiva veremos que todos os pessimistas e profetas de catástrofes foram, para felicidade de todos nós, desmentidos pela história.

O mundo não caminhou para a explosão demográfica e nem, tão pouco, para a escassez de alimentos. Terra, apesar de movimentos políticos reivindicadores, tem mais oferta do que procura.

Os desenvolvimentos tecnológicos, a engenharia genética e outros fatores, têm promovido crescimentos inimagináveis de produtividade no campo, permitindo que cada vez menos gente em mens espaço sejam suficientes para alimentar grandes populações.

Pode-se, é claro, ainda reclamar dos sistemas de valores (felizmente, também em crise de mudança), nos quais se baseiam nossos sistemas políticos (direita, esquerda e centro) e os econômicos, que promovem a má distribuição dos alimentos e de todos os bens no mundo.

Falta de alimentos na verdade não há, o que existe são estoques estratégicos imensos sendo utilizados como arma os instrumentos de pressão entre as nações.

O sistema de valores no qual se baseou este mundo, cuja “pré-história” caminha para o fim, tem como alicerce o “medo”. Sobre o medo foram construídos sistemas de governo e poder, sistemas políticos, sistemas religiosos, sistemas de saúde, e todos os demais, inclusive o sistema familiar patriarcal e autoritário. A força de coesão das famílias e das nações é muito mais o medo do que o amor. Todos criam inimigos externos para vender segurança.

O pior de tudo é que a mídia, em geral, entra nesta onda e vai ajudando a criar uma sociedade paranoica que usa seus últimos tostões para sustentar seguros absurdos e assegurar um lugarzinho futuro em algum CTI, não reservando recursos e energia para lazer, cultura, arte, convivência, para a vida enfim.

Dizem que o mal quando é demais, acaba se destruindo por saturação e, como a mudança de ano e de século predispõe as pessoas às transformações, imaginem que mudança formidável proporcionará a virada do milênio.

O que assistimos é o princípio do fim do alicerce “medo” e a introdução em nossos sistemas de novos valores baseados no amor, convidando o mundo a somar, partilhar, convergir, tolerar, integrar, possibilitando uma sinergia altamente criativa.

Como dizia Cristo: “Não se coloca vinho novo em odres velhos”, nossos sistemas velhos, baseados nos medos e infernos, estão implodindo com a introdução dos novos valores positivos, isto é, do vinho novo.

Todas as crises que estamos assistindo são mudanças do Velho para o Novo Testamento. Os velhos sistemas sempre foram competitivos e excludentes e os novos são integradores e includentes.

É hora, não de pessimismo e sim de definição de novos objetivos, projetos que ao invés de considerarem apenas quantidade e PIB’s, se preocuparem com a qualidade de vida para todos.

Não é por acaso que a Indústria do Turismo é uma das poucas que crescem de forma impressionante em todo o mundo, assim também crescem a indústria da comunicação, a arte, a cultura, bem como todas as indústrias tradicionais fornecedoras dos setores acima mencionados.

São João del-Rei, toda a região da AMVER e os municípios ao longo da Estrada Real, constituem um produto turístico de excepcional qualidade e, para transformar tal produto em atividades lucrativas e emprego para todos, basta que, de forma integrada, entidades do governo e não governamentais e toda população iniciem ações para viabilizar um fluxo turístico de qualidade na região. Outros projetos podem ainda ser desenvolvidos, como, por exemplo, o do Complexo Ferroviário da antiga Rede Mineira de Viação, centros de convenção, escolas de arte, cinema, música, teatro, etc.

É hora de esquecermos os medos e a crença a nós imposta pelos antigos sistemas, de que somos apenas criaturas incapazes de criar. Não podemos mais acreditar que só governos e deuses externos criam. Somos filhos de Deus e não servos de Deus, portanto, cidadãos universais e co-criadores do universo. Até a física quântica já sabe que o Verbo cria e que o mundo não é feito de quantidades finitas.

Que me perdoem os pessimistas, economistas ortodoxos e o próprio Lavoisier mas, além de promover transformações, é possível tudo criar quando há vontade para isto.

A crise é salutar e o que causa sofrimento é o apego aos velhos sistemas.

O Governo Federal está no caminho certo reduzindo seu tamanho, ampliando, assim, o espaço para criadores e empreendedores. Também, o Governador Cristóvam Buarque, do PT, afirma (em entrevista no último número da revista Veja) que não há mais espaço para reivindicadores.

Reivindicar é reconhecer a própria incapacidade de criar e delega-la a outros. É o homem abdicar de sua filiação divina.

“Fac omnibus vitam cum aequalitate”.

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Vencer a crise
Rafael Agostini . Empresário*

Não é nenhuma novidade, para os brasileiros, a grave recessão que tem se abatido por todos os setores econômicos do país. A crise é nacional. Mas as soluções têm que ser encontradas por cada um de nós, trabalhadores e patrões, dentro de nossas próprias empresas. Sozinho, cada um tem buscado a qualidade total como forma de vencer a concorrência e superar este momento tão difícil.
Mas a Associação Comercial e Industrial de São João del-Rei (ACI del-Rei) não tem se preocupado com casos isolados. Atenta que está para este momento delicado pela qual passa a economia nacional, esta entidade não tem medido esforços para buscar uma solução para o problema, a nível local, criando oportunidades que levem ao crescimento de toda a cidade e região. Como seu próprio nome diz, a ACI del-Rei pensa no coletivo e não apenas em um setor.
Diversas medidas têm sido adotadas pela nossa diretoria como forma de buscar outros caminhos que nos levem à melhoria da qualidade de vida dos são-joanenses. Sabedores que somos que a vocação econômica de São João del-Rei é o turismo, e que temos nos impulsionado na busca constante de medidas que nos levem a alavancar esta fatia tão significativa do mercado.
O turismo, sem dúvida, é uma das indústrias mais promissoras, é a atividade que mais cresce no mundo. O que falta a São João del-Rei é se conscientizar de que temos que fazer com que ele deixe de ser da área de lazer mas, sim, passe para a área econômica.
Segundo dados estatísticos, o turismo gera 3,4 trilhões de dólares e emprega 212 milhões de pessoas. O Brasil ocupa apenas uma tímida posição de 47° lugar, com apenas 2,4 milhões de visitantes/ano, tendo cadastrado 1.570 municípios com potencial turístico. E São João del-Rei é um deles. Portanto, nada mais justo que usemos este potencial em prol de nossa cidade. Aumentando o fluxo de turistas, com certeza, crescerá o comércio, haverá maior geração de emprego e a economia não ficará estagnada.
Buscando esta solução é que temos tomado medidas que visem a esta conscientização de o quanto o turismo é importante. Para exemplificar, citamos apenas as recentes iniciativas da ACI del-Rei, neste setor, quais sejam: realização de um Famtur na cidade, atraindo, para cá, jornalistas dos principais jornais de Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ) como forma de divulgar nosso acervo histórico e arquitetônico; apoio a Real Expo-98, que tem por objetivo divulgar nossas potencialidades e criar uma oportunidade de negócios; luta para que não se perca a “Maria Fumaça” que, aliás, vem sendo sucateada; apoio a projetos na área tal como a Estrada Real; credenciamento de Guias de Turismo, dentre diversas outras atividades.
Nossa preocupação é com o todo. Sabemos que se a cidade achar seu rumo, todos nós iremos atrás de seu crescimento. Para nós o caminho já está traçado. O que falta apenas é vontade, é o povo acreditar e apostar que esta é a trilha.

*Empresário do setor de serraria, carrocerias e materiais de construção. Presidente da Associação Comercial e Industrial de São João del-Rei (ACI del-Rei).

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Editoria Opinião . Página 4:



Editorial: Singular e Plural

Os jornais nascem, crescem, vivem e morrem. Em todo o mundo, são raros os jornais que somam hoje mais de cem anos de circulação ininterrupta. No Brasil, talvez, não passem de cinco os jornais centenários. A própria invenção da imprensa tem apenas cinco séculos. Em seus 285 anos, São João del-Rei viu surgir e desaparecer algumas dezenas de jornais.
Será só coincidência o fato de que os jornais vivem mais ou menos o tempo que vivem os homens, considerando-se, aqui, os mais longevos, tanto uns, quanto outros? Se não for só coincidência, poder-se-ia supor que, ao nascer, um jornal dota-se de uma alma, ou melhor, de uma anima, que a exemplo do homem, o fará singular.
Singularizado, um jornal estará pronto para crescer, e tanto melhor irá viver quanto mais estiver aberto à pluralidade de opiniões que impulsiona a sociedade. O que se deseja para a Gazeta de São João del-Rei, que nasce hoje, é que seja singular na isenção que traz credibilidade e plural no acolhimento das diferentes opiniões. E por último, mas não menos importante, que a alma da Gazeta de São João del-Rei seja generosa e solidária, mais forte e combativa na defesa dos legítimos interesses da sociedade sanjoanense e de todo o Campo das Vertentes.

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Qual cidade queremos
José Mário de Araújo . Jornalista*

São João del-Rei, nesta segunda metade de século, teve um crescimento desordenado e desorientado. Resultado: falta de saneamento básico em vários locais; ocupação indevida de áreas de mananciais, beiras de córregos e encostas de morros; assoreamento e poluição de rios, danos ao patrimônio histórico e muito mais.
Cada governo municipal, quando não ignora os problemas, trata-os de maneira compartimentada e contraditória ou os resolve apenas parcialmente. Soluções, quando adotadas, geralmente são de curto prazo, carecendo de visão global.
Para solucionar eficientemente seus problemas, São João del-Rei precisa de planejamento urbano. Quer dizer: precisa de diretrizes e normas de controle para se recuperar e se tornar um lugar mais gostoso de se viver. Precisa saber como e para onde pretende crescer, integrando desenvolvimento com qualidade de vida.
Planejamento urbano é pensar e atuar sobre as contradições da cidade, olhando para o futuro e dentro de padrões racionais de ocupação do solo urbano, acompanhada de devidas obras várias, infra-estrutura, preservação do patrimônio histórico e da natureza.
Todos estes pontos, além de necessários para o bem estar humano, são vitais para o nosso desenvolvimento econômico. Exemplos: como explorar o potencial turístico de São João del-Rei, atraindo visitantes, gerando empregos e renda para os moradores, com uma cidade ainda cheia de deficiências e problemas? Como atrair empresas de fora para o nosso Distrito Industrial, se a cidade não puder oferecer um diferencial positivo em relação a infra-estrutura, qualidade de mão-de-obra, lazer e tranqüilidade?
Precisamos de eficiência e democracia na solução dos problemas de São João del-Rei. Daí a importância do planejamento urbano. Esse planejamento para corrigir e reorientar os rumos da cidade se chama Plano Diretor.
O Executivo e o Legislativo devem iniciar o debate sobre o Plano Diretor e chamar a população para opinar, debater e influenciar nas decisões sobre os rumos são-joanenses.
Para que a população possa realmente participar e influir, é preciso que comece também a se comprometer com a cidade, que tome consciência dos seus próprios problemas e proponha soluções. Assim, podemos dizer que tipo de Plano Diretor queremos, qual o rumo que a comunidade são-joanense pretende tomar, para que a imprensa, lideranças, políticos e poderes possam atuar de forma a criar um somatório de forças, uma ação coordenada e não um eterno desencontro.
Com planejamento, São João del-Rei pode entrar no terceiro milênio desfrutando de um desenvolvimento ordenado, orientado e equilibrado. Objetivo? Qualidade de vida para todos!
*José Mário de Araújo é jornalista e radialista. Apresentador do “Fala, São João!”, de Segunda a Sexta-feira, de 9 às 10h, pela Rádio São João.

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Quem são os cidadãos de hoje?
Almir Lacerda . Engenheiro*

1998 – ano de copa do mundo e de eleições no Brasil.
Isso faz desabrochar, em nosso âmago, o mais profundo sentimento de nacionalidade e cidadania – por mais que estejamos sofrendo.
CIDADANIA – somente o sentimento não basta. É necessário que a pratiquemos de fato.
Sabem como foi que surgiu esse tipo de patrimônio?
Do ano 700 a.C. até às vésperas da era cristã, os gregos eram considerados os povos mais evoluídos do mundo intelectualmente. Foram eles que construíram as primeiras cidades-estados, ou “polis”.
Para manter essas cidades, porém, era necessário angariar riquezas. Para atender a essas exigências, os gregos procuravam conquistar novos territórios (mesmo que fosse a força), que geravam riquezas na forma de escravos e tributos pagos pelos povos conquistados ou dominados. Aí surgiu a divisão dos grupos sociais – de um lado os escravos e os estrangeiros e de outro lado a classe dominante grega. Aí surgiu o termo cidadão. Cidadãos, portanto, na Grécia antiga, eram somente os membros da classe dominante. Escravos e estrangeiros não eram considerados cidadãos.
Nos dias atuais, pelo menos teoricamente ou juridicamente, todos somos cidadãos. O grande problema é que a maioria das pessoas, chamadas de “cidadãos”, não pode viver como tal. Onde existe fome e desemprego, não existe participação e solidariedade, e portanto, não existe cidadania de fato. O ser humano não pode ser tratado como uma  “coisa”, um objeto que se manipula. O ser humano é um valor em si.
A condição mínima indispensável para que alguém pertença a uma determinada sociedade, é que ele participe da construção e organização dessa sociedade, e não seja excluído dos direitos e deveres essenciais que ela propicia.
Como podemos perceber, será que a situação que tínhamos na época grega de 700 a.C. até a era cristã, se mudou em relação à situação que temos hoje? Quem são os cidadãos de hoje?
Ao exercermos nossa cidadania, fazemos política, que é a arte e a virtude do bem comum.
Somente nos realizamos individualmente, no trabalho coletivo, em um processo de permanente busca da liberdade, solidariedade e ética.
Parece que a Grécia daquela época foi transformada para o Brasil de hoje. A nossa população só é considerada cidadã na hora de votar e na hora de pagar os seus tributos.
Já que somos cidadãos, é necessário que pronunciemos sobre o tipo de economia, de tecnologia e de mercado que consideramos vantajosos para nós.

*Almir Lacerda é engenheiro, estudante de Ciências. Presidente da Pastoral Social de Matozinhos – SJDR.

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Editoria Vertentes . Página 5: 



Editoria Variedades . Página 6: 





Página 7:







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Crise e oportunidade foram manchetes em 98
14 anos depois, otimismo econômico permanece

“Crise abre oportunidade de encontrar novo caminho”. No auge do turbilhão econômico “made in Taiwan” que levou o termo “globalização” aos extremos e exportou tensão para o mundo inteiro depois de varrer a Rússia, a Gazeta lançou seu primeiro número trazendo otimismo como manchete.
Não se tratava de botox jornalístico para esconder as imperfeições que vinham de fora e sacudiam o município por dentro. Era a injeção de uma nova perspectiva quando, como agravante, o Plano Real começou a ruir.

Na primeira edição
Na página 3, artigo assinado pelo professor Aluízio Barros  deixava claro: entre janeiro e maio daquele ano as consultas de lojistas ao Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) haviam caído 2,3%, sinal de que os consumidores não queriam abrir créditos e compravam menos. Na indústria, o consumo de energia elétrica havia caído 4,1%. Ou seja: as produções retraíram e causaram baixa no bolso dos trabalhadores no ano em que 9,4% do operariado com carteira assinada perdeu o emprego.
Quatorze anos depois a situação não é muito diferente. No 2012 em que “Zona do Euro” se tornou termo mais ouvido que o “boa noite” de William Bonner, o fantasma da crise voltou a rondar o município de São João del-Rei. Entender a situação é quase intuitivo: conforme lembra Barros hoje, a União Europeia é a maior importadora de produtos locais. Só no ano passado, as exportações para a área totalizaram US$68 milhões, 60% do total associado à indústria são-joanense, principalmente no setor metalúrgico.
Com isso, as incertezas que varreram a Europa e colocaram países como Grécia, Portugal e Espanha à beira de calotes históricos influem sim por aqui. Mas ainda é cedo para medir os impactos diretos. “Em 2012, até maio, a metalurgia contratou 114 pessoas, mas registrou 256 demissões ou afastamentos. Perdemos 12% dos postos de trabalho no setor. Se isso é consequência da crise europeia não dá para saber. A indústria brasileira tem passado por turbulências. O problema pode estar dentro de casa”, comentou o professor.
E completou: “De maneira genérica, podemos dizer que crise acontece quando o Produto Interno Bruto (PIB) cai. Não é o nosso caso. A velocidade do crescimento é que diminuiu. Freamos nosso desenvolvimento, mas não paramos”, frisou Barros.
A cobertura da Gazeta de São João del Rei prova essa questão ao longo do tempo, além de sinalizar boas perspectivas regionais.

Minérios
Em 23 de junho deste ano o senador Aécio Neves e o governador Antonio Anastasia, ambos do PSDB, lançaram campanha por mudanças no pagamento de royalties de minério. Isso quer dizer que a luta, agora, passa a ser por maior retorno financeiro dos exploradores para os locais de onde retiram minerais.
Atualmente as mineradoras pagam de 0,2% a 3% do faturamento líquido pela extração. Com a proposta de reajuste, esse número saltaria para 4% sobre o faturamento bruto, significando benefícios diretos para São João del-Rei, São Tiago, Ritápolis, Nazareno e Conceição da Barra de Minas.

Expansão
Em abril a unidade da Holcim em Barroso anunciou aval para iniciar obras de expansão da empresa, com investimento de R$1,4 bilhão. A reestruturação aumentará em 50% o potencial produtivo da fábrica de cimento e as vagas de empregos. Até o início das operações no novo parque industrial, em 2014, mais de duas mil pessoas serão contratadas na construção.

Alívio em meio ao susto da crise: empresa amplia parque industrial com investimentos de R$1,4 bilhão e criação de 2 mil novos empregos - Foto: Thiago Morandi / Divulgação

Alívio em meio ao susto da crise: empresa amplia parque industrial com investimentos de R$1,4 bilhão e criação de 2 mil novos empregos – Foto: Thiago Morandi / Divulgação

Topo
Em maio deste ano foi a vez de Nazareno sobressair: o município ganhou o título de líder mineiro em Índice de Gestão após pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), além de cravar a 54ª colocação no ranking nacional quando o assunto é administração do dinheiro público.

Conselho
Não por outro motivo, continua valendo a postura de cautela e certo otimismo veiculada na Gazeta de estreia em 1998.
Aproveitando o velho pensamento chinês ligando crise a oportunidades, o texto assinado pelo professor Aluízio Barros lembrava que o terror era reversível em todos os níveis. Para os desempregados e estudantes, a dica era buscar qualificação profissional em cursos técnicos gratuitos; aos comerciantes, a hora era de readequação e novo posicionamento em “dieta” contra excessos, enquanto ao Poder Público o recado era de que “melhorar qualidade de vida é também um meio de atrair empreendimentos geradores de emprego e renda para a população”.

Fonte: Gazeta de São João del-Rei . 14/07/2012

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Exposições agropecuárias já eram notícia na primeira Gazeta

Há 14 anos as Exposições Agropecuárias da região, além de levarem lazer para a população, ainda são espaços para o produtor rural mostrar o seu produto às pessoas que transitam pelos parques.
Na edição número 1 do jornal Gazeta de São João del Rei, veiculada dia 18 de julho de 1998, a equipe de jornalismo abordou as festas de Coronel Xavier Chaves, Tiradentes, Resende Costa, Carrancas e Entre Rios de Minas. Na semana passada, as exposições de Ritápolis e Coronel Xavier Chaves ocuparam a página 5 da Gazeta.
Hoje o enfoque é para Resende Costa. A expectativa dos organizadores é de que cerca de 20 mil pessoas visitem a cidade nesta semana para participarem dos eventos da 33ª Exposição Agropecuária que acontecerá de 14 a 22 deste mês, no Parque de Exposições municipal. Durante a festa, haverá o 28º Torneio Leiteiro e a 22ª Cavalgada Bolivar de Andrade, que deve reunir cerca de 500 cavaleiros. Segundo o secretário de Administração e Fazenda de Resende Costa, Marcos Henrique de Oliveira Santos, a cavalgada é tradicionalmente parte da exposição e representa uma confraternização muito bonita. “O nome foi uma homenagem que os resende-costenses deram a um criador de cavalos Campolinos da cidade de Passa Tempo”, contou. Além de mostra de animais e de produção leiteira, o torneio trará o show da dupla consagrada da música sertaneja, Maria Cecília e Rodolfo, além da dupla André e Adriano, de mesmo gênero musical.

Shows
Na quinta-feira, 19, às 23h, show com Juninho Matos, seguido da Banda Lyrius, de Belo Horizonte. Na sexta-feira, 20, às 23h, show com a dupla Maria Cecília e Rodolfo e, logo após, Moreira e Banda. No sábado, 21, André e Adriano farão show às 23h, e em seguida haverá apresentação do cover de Raul Seixas, Amorim Menezes. No domingo, 22, às 15h, bandas locais sobem ao palco.

Maria Cecília e Rodolfo se apresentam na Exposição Agropecuária de Resende Costa na sexta-feira - Foto: Divulgação

Maria Cecília e Rodolfo se apresentam na Exposição Agropecuária de Resende Costa na sexta-feira – Foto: Divulgação

Segundo Santos, a entrada para os shows será franca, com exceção de sexta-feira e sábado. “Os ingressos podem ser adquiridos no Guia das Vertentes em São João del-Rei e o pacote para os dois dias está sendo vendido a R$30. A entrada separada para o show de Maria Cecília e Rodolfo custa R$25 e para André e Adriano está sendo vendida a R$15. A ‘meia’ para estudantes será comercializada somente na hora, quando os ingressos terão valores mais altos, mas que ainda não sabemos qual será”, informou.

Expectativas
Além do impulso financeiro que chega junto com os turistas, a festa é importante pela valorização dos produtores rurais. “Nessa ocasião eles expõem animais e produtos com identificação completa tanto dos proprietários quanto dos bichos. Dessa maneira os produtores podem divulgar seu trabalho e são mais valorizados”, disse Santos.
Quanto ao público o secretário acredita que a cidade deve receber milhares de visitantes durante os dias de festa. “Na sexta-feira e no sábado a expectativa é de que 6 mil pessoas compareçam ao parque. Isso sem falar no domingo, que atrai bastante gente”, disse.
O secretário contou que na sexta-feira, 20, às 8h,  haverá premiação de troféus para morfologia de bovinos e no sábado, 21, às 13h, o concurso será de morfologia de equinos. Os vencedores do torneio leiteiro também receberão troféus e prêmios em confraternização na próxima semana.

Fonte: Gazeta de São João del-Rei . 14/07/2012

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