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Joaquim Quintino Laurindo dos Reis

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A música em São João del-Rei

Seu Joaquim Laurindo, como era conhecido pelos alunos e vizinhos, nasceu em 31 de outubro de 1898, portanto era um compositor do século XIX, como o Padre José Maria Xavier(1819) e Martiniano Ribeiro Bastos(1825). Morreu em 22 de dezembro de 1977. Filho de Laurindo José dos Reis e Mariana Dias dos Reis. Casou-se com Leoncina Alves.

Residia no bairro Bonfim, na praça Guilherme Milward, praça onde sua irmã, Mariana, mantinha uma escola de primeiras letras para todas as idades, onde até hoje resta a sombra de uma centenária mangueira, sob a qual se educaram várias gerações. Esse mesmo local, ele, durante muitos anos, utilizou para lições de música e ensaios da Banda Santa Cecília, que rivalizava com a Banda Theodoro de Faria, de Seu Teófilo, pela apreciação do público sanjoanense. Não era recomendável, na época, que as corporações cruzassem os mesmos caminhos, no rumo de apresentações, seguindo, uma de um lado, uma de outro, pelas muradas que uniam as pontes de S. João del-Rei em direção ao Bairro de Matozinhos e à Biquinha, onde se encontravam as tendas dos circos e os pavilhões.

Sua casa, um pouco abaixo, passou a receber os alunos depois que a escola fechou e ali ainda restam, como testemunhas, entre outras, uma frondosa jabuticabeira, uma das quatro do entorno da praça. Foram alunos seus, conhecidos musicistas militares de nossa cidade, como o maestro Benigno Parreira, atualmente na Lira Sanjoanense, e o professor Francisco Santos, o Carneirinho, outro mestre de tantos instrumentistas de sopro espalhados Brasil afora, em bandas de música do exército, da marinha e da aeronáutica. Seu instrumento era o piston ou trompete, mas na sua casa se aprendia clarineta, requinta, oboé, sax, bombardino, tuba, qualquer um do naipe dos sopros.

Uma de suas netas conta que, surpreendida pelo gene da música, procurou-o para aprender seu predileto, o acordeon, ao que ele respondeu não haver ali lugar para estudá-lo, mas que ela voltasse para aprender a teoria e o solfejo, com a “Bona”. Frustrada, ela nunca mais voltou. Seu Joaquim era um tipo especial, subia e descia o morro do Bonfim com sua capa preta, blusa azul e chapéu que encobria seus cabelos grisalhos pintados com carvão, o que causava certa reserva às fantasias dos infantes que cruzavam seu caminho, e dos adultos que não o conheciam, reserva logo quebrada pela doçura de sua fala, pelo refinamento de seus gestos, pela elegância de seu modo de tratar as pessoas.

A Banda Santa Cecília tocava em retretas, circos e procissões que envolviam as horas de lazer da população de S. João del-Rei e dela fez parte um também vizinho seu, o conhecido José Cercadinho, assim chamado porque cuidava do observatório meteorológico que ficava ali no alto da praça, num cercado, exatamente no espaço do assim chamado Morro da Forca. Cercadinho tocava tuba e até o fim da vida participava da Banda Municipal, fundada por Carneirinho.

Educado nos tempos da palmatória, reza a lenda que Seu Joaquim era um professor muito bravo, ao modo pedagógico da época, mas tinha que conter lágrimas emocionadas ao ouvir aluno seu tocando uma de suas valsas. Em seu repertório autógrafo, contam, além delas, gavotas, dobrados e transcrições. Outro vizinho seu, Antônio Ramos, o Toninho, era presenteado com uma composição a cada filho que nascia, as quais gravava em fitas de rolo, executando um a um os instrumentos, flauta, cavaquinho e violão.

Até se aposentar, trabalhou na recepção do Conservatório Estadual de Música da cidade, recebendo a todos que chegavam e se despedindo de todos, quando se iam - o primeiro a chegar, o último a sair. Era o verdadeiro artista. (SF)

Fonte:
Dicionário Musibiográfico de S. João del-Rei e região/15/03/2021
Colaboração Ulisses Passarelli

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